Máquina de guerra de Putin em campanha para recrutar 160 mil jovens
Está em curso uma das maiores fases de recrutamento para as Forças Armadas russas desde há vários anos. Vladimir Putin avança assim com uma expansão de contingentes num momento crucial da guerra na Ucrânia.
Serão 160 mil os homens entre os 18 e os 30 anos que se alistarão nas Forças Armadas russas - um aumento de dez mil em relação à campanha da primavera do ano passado e um aumento de mais de 15 mil em comparação com três anos atrás, segundo a agência estatal russa TASS.Em 2023, a Rússia adotou uma lei que aumenta o limite de idade para o recrutamento de 27 para 30 anos.
A iniciativa de recrutamento não é nova e, segundo a TASS, o aumento deve-se aos esforços de Putin para aumentar a dimensão das Forças Armadas russas no seu conjunto; há três anos, o país tinha um milhão de militares, mas atualmente tem cerca de 1,5 milhões.
A guerra na Ucrânia levou as autoridades russas a ordenar a mobilização de mais de 300 mil pessoas no outono de 2022. Muitos russos abandonaram então o país por receio de serem mobilizados.
O novo impulso surge também numa encruzilhada vital na guerra da Rússia na Ucrânia.
Moscovo tem contado com a ajuda de soldados norte-coreanos para fazer recuar os avanços de Kiev na região russa de Kursk e tem vindo a avançar constantemente no terreno no leste da Ucrânia, enquanto os EUA tentam mediar conversações que ponham fim ao conflito.Novos recrutas não serão enviados à Ucrânia
A legislação russa proíbe o envio de recrutas convocados para o serviço obrigatório para zonas de combate ativo sem formação adequada. E o exército garante que estes novos recrutas não serão enviados para a Ucrânia, país que as forças russas estão a atacar desde fevereiro de 2022.Embora a posição oficial seja a de que os recrutas não são enviados para a Ucrânia, surgiram relatos de soldados pressionados ou induzidos em erro para assinarem contratos que resultaram no destacamento para as linhas da frente na Ucrânia. Outros viram-se sob ataque quando Kiev lançou a incursão de Kursk, em agosto de 2024.
“A próxima campanha de recrutamento não tem qualquer ligação com a operação militar especial na Ucrânia”, declarou o Ministério russo da Defesa em comunicado, utilizando o eufemismo usado para se referir à invasão do país vizinho.
Um alto membro do Estado-Maior, o vice-almirante Vladimir Tsimlianski, afirmou que os recrutas não serão enviados para as regiões ucranianas onde o exército russo está a combater.
Também não participarão em “tarefas de operações especiais”, afirmou, de acordo com o comunicado de imprensa do Ministério.
Nas últimas semanas, as tropas russas continuaram os ataques sustentados na zona de Pokrovsk, em Donetsk, e lançaram ataques aéreos contra cidades ucranianas. A Rússia, que está em vantagem no campo de batalha apesar das pesadas baixas, é acusada de querer ganhar tempo para tirar partido da sua posição e conquistar mais território.Conversações com Trump prosseguem
Nas últimas semanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs um cessar-fogo, que Kiev aceitou sob pressão de Washington. Mas Vladimir Putin fechou a porta a uma trégua incondicional e imediata, aceitando apenas uma moratória muito limitada, sem qualquer efeito real nos combates.
Nascido em Kiev, Dmitriev fez carreira nos Estados Unidos, onde trabalhou para o banco Goldman Sachs em Nova Iorque e para a consultora McKinsey. É licenciado pela Universidade de Stanford e pela Harvard Business School.